No início deste mês as discussões globais sobre governança da internet esquentaram novamente. Enquanto muitos discutem o poder de participação do usuário na web 2.0, 3.0, 4.0… o debate sobre os recursos críticos e as políticas públicas de privacidade, segurança e neutralidade na grande rede ganhou destaque às vésperas da reunião da União Internacional das Telecomunicações (ITU). Em feroz campanha contra possíveis mudanças na gestão dos nomes de domínios e no poder de governança da própria ITU sobre a web, a Google criou hotsite e apoiou a vídeos, infográficos e muitas mobilizações para defender sua postura evidentemente norte-americana.
Com o carismático título “Somos a web”, um dos materiais criados traz um belo infográfico com dados interessantes sobre a web atual.
Criaram também um vídeo questionando a competência da ITU para participação tão ativa na governança da internet.
Ao primeiro olhar parece que a gigante da internet está mais uma vez defendendo a liberdade de todos nós, pequenos usuários, e lutando pela manutenção da dinâmica aberta e criativa da rede. Porém, muitos críticos apontam o quanto o problema é mais complexo. Google e outras gigantes norte-americanas da internet atuam também em função de interesses políticos e nacionais que temem eventual descentralização do poder sobre a web e mesmo sobre a infra-estrutura da internet – atualmente ainda concentrado nos EUA.
No Brasil este debate localizado também está em curso nas discussões sobre o Marco Civil da Internet que coleciona adiamentos em Brasília. Alguns setores temem a pluralidade do CGI como nó legitimo para mediar a governança da internet no Brasil e pretendem concentrar os poderes em órgão como a Anatel. Estes e dezenas de outros pontos críticos como a neutralidade da rede e as políticas de privacidade são discussões vivas e atuais que decidirão o futuro próximo da internet.
Quanto maior a participação de pesquisadores, movimentos sociais, ativistas, internautas críticos e representantes governamentais éticos, maiores as chances de evitar que a internet se torne uma gigante TV a cabo, como pretendem alguns setores econômicos e políticos. Que fiquemos atentos e possamos questionar, com olhares “densos, também esta temática em nossas pesquisas!
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