Nos últimos dias, dois grandes eventos envolvendo a imagem de empresas movimentaram o ciberespaço. Em comum, os casos apresentavam um grande número de admiradores, alta repercussão na rede e nos veículos massivos e conteúdo aparentemente contrário aos interesses comunicacionais das empresas envolvidas ou aos valores institucionais que estas gostariam de difundir oficialmente.
Usando apenas um contexto alusivo à marca Spoleto, o site Kibe Loco e a produtora Porta dos Fundos criaram um vídeo onde criticavam duramente a forma como os clientes são (hipoteticamente) tratados nos restaurantes da rede. O filme, que foi veiculado no Youtube e visto mais de 1 milhão de vezes, teve o seu link viralizado progressivamente em diversos sites de redes sociais.
Aproveitando a repercussão que o vídeo ganhou na web, a empresa se apropriou da ideia e da crítica e fechou uma parceria com os idealizadores do vídeo para produzir uma segunda versão da história. Nas novas imagens produzidas o ator (o mesmo do primeiro episódio) já aparece trajando a farda da empresa e sendo treinado para melhorar a qualidade do seu atendimento. A estratégia adotada pela Spoleto foi aplaudida por estudantes, profissionais e veículos de comunicação de todo o país como sendo inteligente e bem sucedida. A empresa teria conseguido sair triunfal de uma situação que a principio parecia ser bem ruim.
Já o autor da comunidade “Gina Indelicada” no Facebook não teve a mesma preocupação dos criadores do “Spoleto” e por isso, quase sofreu um processo judicial por uso indevido da marca. A ameaça durou pouco. Logo os empresários perceberam que ganhariam mais se se unissem ao talentoso garoto que, em 3 semanas, foi capaz de conquistar mais de 1.9 milhões e dezenas de matérias em revistas de grande visibilidade nacional e internacional, como a Forbes.
Algumas questões que envolvem esses dois casos me chamam atenção:
1) Já é possível afirmarmos com mais propriedade que um conteúdo bem-humorado veiculado na rede é um componente relevante para a sua viralização?
2) Será que é possível considerarmos um movimento de usuários de SRS (profissionais e/ou amadores) direcionando criticas a organizações objetivando atrair visibilidade, reputação e poder?
3) Podemos inferir que esses dois exemplos são casos de utilização de capital social mútuo e associados onde um ator corrobora com a rede e a rede com o ator?
4) O ganho das empresas e dos criativos envolvidos nestes casos se adequam ao pensamento de Bourdieu sobre a conversibilidade do capital social?
Muitas perguntas para ser respondidas aqui em um simples post! Vamos pensar juntos? Comente ;)
Grande parte dos virais são conteúdos humorísticos, mas nem todo conteúdo bem-humorado se viraliza. O que faz a ontologia do viral permanecer um mistério. Já existem empresas especializadas em monitorar virais (http://www.buzzfeed.com/), a fim de entender o elemento catalisador da viralização, que certamente seria vendido a peso de ouro entre publicitários e marqueteiros. Gosto de pensar, no entanto, nessa questão da apropriação de conteúdos institucionais por amadores e vice-versa. Vi que você analisa essa dinÂmica através da teoria ator-rede, né? Em tempo, quem escreveu este post?
Olá André, sou Maria Alessandra. O post foi escrito por mim. Acredito que a gente tenha interesses semelhantes. Apenas uma correção, não sou pesquisadora da TAR não! Pelo menos, por enquanto,rs! Vou dar uma olhada no link que você sugeriu. Obrigada!