Há umas 3 semanas estive em uma delegacia por motivos particulares e me deparei com uma situação interessante. Uma garota estava no local registrando queixa contra o site Mercado Livre. Ela alegava que alguém havia rackeado o seu login e senha e comprado uma série de produtos em seu nome. Curiosa, perguntei se o hacker tinha utilizado o seu cartão de crédito e ela disse que não. A maior queixa era de que o malfeitor havia feito negócios com várias empresas “contratadas” e essas terminaram por avaliar a negociação negativamente, atribuindo à relação notas inferiores a 4 pontos. O desejo dela era o de provar a todos da sua rede que não era responsável por aqueles negócios e, desta forma, resgatar a sua reputação.
Confesso que fiquei um pouco intrigada com a situação e com o fato de me deparar com algo semelhante em uma delegacia comum, em Salvador. Essa, sem dúvida, a primeira situação onde pude testemunhar o valor intangível da reputação em oposição ao valor financeiro. O que faz uma jovem investir o seu tempo, ir até uma delegacia de bairro dar queixa de uma empresa sem que ela tinha sido roubada monetariamente?
Essa situação voltou a minha mente ao assistir a palestra de Rachel Botsman, The currency of the new economy is trust, para TED.
Por meio de alguns exemplos que apresenta, ela defende que a “reputação é a medida que diz o quanto a comunidade confia em você” ou ainda que a “capital reputacional é o valor da sua reputação – intenção, capacidade e valor – através das comunidades e dos mercados”.
A americana acredita que, no século XXI, a reputação está se tornando uma moeda mais poderosa que o nosso histórico de crédito. Talvez, a situação da menina da delegacia seja um forte indicador de que Rachel está certa.
Vale a pena assistir ao vídeo e pensar um pouco em seus argumentos.