THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia.  Petrópolis: Ed. Vozes, 2011. Prefácio, Introdução e Capítulo 01 – Comunicação e Contexto Social, p. 21 – 72.

J.B. Thompson é sociólogo e toda sua formação foi na Inglaterra, pela Universidade de Cambridge; onde hoje é professor de sociologia e membro do Jesus College. Este livro fora resultado de uma fase de pesquisa, em que suas inquietudes eram a natureza dos meios de comunicação e o impacto social e político das mudanças nas formas de comunicação. Atualmente, sua pesquisa está focada no impacto da revolução digital na indústria editorial.

Prefácio / Introdução

John B. Thompson destaca que seu interesse de estudo é “entender as formas complexas e múltiplas pelas quais a mídia passou a moldar o mundo em que hoje vivemos”. Neste livro, o duplo objetivo do autor é locar o estudo da mídia no âmago do estudo das sociedades modernas e, também, desenvolver em detalhes a Teoria Social da Mídia.

Thompson vai discorrer, principalmente, sobre dois tipos de interação “mediada” e “quase mediada” e como estas complementaram a interação face a face. Abordará, também, questões relacionadas a visibilidade ou as novas visibilidades, produzidas com o desenvolvimento dos meios de comunicação, e o impacto destas sobre a maneira que os indivíduos compreendem os eventos a distância.

O autor centra-se em perceber que o uso dos meios de comunicação implica a criação de novas formas de ação e de interação sociais, novos tipos de relações sociais e de maneiras de relacionamento dos indivíduos.

Capítulo 1 – Comunicação e Contexto Social

Neste capítulo, Thompson, analisa a natureza dos meios de comunicação a partir de teorias sociais mais amplas. Apresenta conceitos e contextualiza historicamente a trajetória de seu pensamento até a Teoria Social da Mídia.

O autor desenvolve uma abordagem que privilegia a comunicação como parte integral de contextos mais amplos da vida social. Para tal, divide o capitulo em seis seções.

Ação, poder e comunicação

Neste tópico, o autor traz aspectos de contextos sociais entre os quais a comunicação e a comunicação mediada, em particular, deveriam ser entendidas. Enquanto forma de ação, a comunicação deve ter sua analise baseada, ao menos em parte, na analise da ação e na consideração do seu caráter socialmente contextualizado.

Considerando que os fenômenos sociais podem ser vistos como ações intencionais e que o poder é um fenômeno social penetrante, Thompson considera útil fazer uma distinção entre as diversas formas de poder, destacando quatro tipos principais: poder econômico, poder político, poder coercitivo e poder simbólico.

Os usos dos meios de comunicação

Nesta seção, Thompson analisa algumas características dos meios técnicos de comunicação; considerando e distinguindo seus aspectos gerais ou atributos.

Entre os atributos analisados estão a) fixação da forma simbólica, durabilidade; b) capacidade de multiplicação, reprodução; c) distanciamento espaço-temporal, disponibilidade. Por fim, o autor apresenta as habilidades, competências e as formas de conhecimento exigidas dos indivíduos para o uso dos meios técnicos.

Algumas características da comunicação de massa

Neste tópico, o autor desenvolve uma critica ao que nomearam “comunicação de massa”, partindo do questionamento etimológico do emprego das palavras “massa” e “comunicação” nesta expressão. Thompson considera mais apropriada a utilização de “comunicação mediada” ou “a mídia” e define aquilo que considera comunicação de massa enumerando cinco características: 1) envolver meios técnicos de institucionais de produção e difusão de conteúdo; 2) mercantilização das formas simbólicas; 3) dissociação entre o contexto de produção e os contextos de recepção da forma simbólica; 4) ampliação da disponibilidade das mensagens no tempo e espaço e 5) publicização das formas simbólicas.

A reorganização do espaço e do tempo

O desenvolvimento dos meios técnicos de comunicação possibilitaria os indivíduos se comunicarem no espaço e no tempo, cada vez mais dilatados. O autor aborda as maneiras nas quais os meios de comunicação reordenam/alteram as relações espaço temporais e, assim, modificam nossa compreensão da história, do mundo e nossa sociabilidade.

Destaca, também, que o desenvolvimento dessas novas formas de comunicação e transporte, em certo aspecto, estariam alterando a experiência do fluxo do tempo, acelerando-o.

Comunicação, apropriação e vida cotidiana

Nesta seção, o autor explora algumas questões sobre as relações entre a comunicação mediada e os contextos sociais práticos nos quais ela é recebida e entendida. Para tal, é preciso entender a recepção dos produtos da mídia como uma rotina, em geral, já integrada pelos indivíduos em suas vidas cotidianas.

Esta analise percebe a recepção como uma atividade (ação) que é situada e rotineira, que possui caráter de realização especializada e que está envolvida num processo de interpretação.

Thompson destaca que o processo de recepção e apropriação das mensagens da mídia envolve a auto formação do indivíduo, não sendo o único influenciador neste processo, mas cada vez mais importante.

Karla Freitas

Doutoranda e mestre pelo Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, na linha de pesquisa Comunicação e Cultura Digital. Possui Bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda. Atuou nos setores de criação da Agência Versa e da empresa DP&P Comunicação Visual. Tem interesse nos temas: Emoções, Interações Sociais, Tecnologias Digitais, Performances e Imperativo da Felicidade.(Lattes)

More Posts

Follow Me:
Flickr